Componho como quem busca uma saída
Quem sabe pra onde vai não sofre na despedida
Não sou lutador, sou kamikaze!
Ignorando espinhos como se não machucassem
Vou com meu facão pela mata fechada
Lâmina reluz, clareando a madrugada
Ecoa na minha mente o que você me falou
O amor não vive bem no mesmo peito que o rancor
Cadê você?! Procuro ao redor, você não tá perto
Te enxergo nas esquinas tipo água no deserto
Meu pai, como vai? Onde anda o senhor?
Me tornei um homem forte mesmo sem ter teu amor
Tô aqui parado sentindo a brisa do mar
Sentei naquele banco que tu vinha me encontrar
Passei a noite olhando pro teto
Pensando no quero, revendo cada projeto
Sou eu meu próprio inimigo num quarto escuro
Já sei atirar, mas não me sinto seguro
Preciso de uma maneira, uma rota, uma direção
Um norte, um caminho, sorte e um pouquinho só de emoção
O efeito do ódio no sangue te deixa louco
Te impede de guardar espada e respirar um pouco
Tormento! Depressão no momento
Sepulto meus temores sob metros de cimento!
Eu vou tentar, prometi que hoje eu não vou chorar
Eu juro vou tentar, prometi que hoje eu não vou
Eu vou tentar, prometi que hoje eu não vou chorar
Eu juro vou tentar, prometi que hoje eu não vou
Tempo quente, asfalto ferve, sangue pulsa
Rascunho do inferno, 40º de temperatura
Calor nas mãos, me perco em meio à multidão
Dificuldade pra andar por conta da respiração
Cidade de plástico, sentimentos enlatados
São tempos de mágoas, bem vindo à era das calçadas cheias
Infelizmente homens tão frios
Smartphones carregados, corações vazios
Tô cada vez mais velho mais precoce
Mais seletivo, fervoroso e menos sorte
Inquieto, incômodo, indigesto
Desfazendo alguns laços nisso eu já tô esperto
Oh Deus! Escute a minha oração
Se eu puder -e por favor!- semear salvação
Ensinar à minha filha o valor de um irmão
Esse crack é espiritual com tanta ostentação
Põe o satélite na órbita, o homem neandertal
Despejar em nossas casas seu lixo audiovisual
Só pra transmitir seu ódio e cês vender seus kits
Morrer por um trocado e vestir um terno de madeirite
Não é, Stanley? Até ele me deu ouvidos!
Tanto cego, surdo e mudo tendo os sentidos
Aperitivo, o ser humano é instintivo
Palavras como “amor” viraram animais extintos
Eu vou tentar, prometi que hoje eu não vou chorar
Eu juro vou tentar, prometi que hoje eu não vou
Eu vou tentar, prometi que hoje eu não vou chorar.
Eu juro vou tentar, prometi que hoje eu não vou
Nó na garganta, comigo mesmo conversa franca
Se a fé move montanha, quero mover o amor pro mundo
Eu penso, me deslumbro, pra dentro me aprofundo
Me vi iluminado em meio a tanto escuro
Pra que tanto ego imposto, se aqui se morre por desgosto?
Pra que ostentar mentira se vendo no fundo do poço?
Veja só! O filme começou e você é o protagonista
Viveu de preto e branco, não coloriu a vida
Alimentou esperança, sofreu na despedida
Com o coração na mão na hora da partida
Dói ver a lágrima dos outros, mano
Como se maltratasse meu próprio corpo
Concepção, sufoco. Convicção, desgosto
De quanto tempo você precisa pra assumir seu posto?!
Encosto: Cê desfalece e ele aplaude!
São vários no precipício, na Cidade do Underground
Os opostos não mais se atraem, ao contrário, se traem
Vozes da experiência, cê adquiriu bagagem
Criou sua própria crença, existência
E a verdadeira presença?!
E pela falta de busca mano
Cê deu de cara com a ausência
Eu vou tentar, prometi que hoje eu não vou chorar
Eu juro vou tentar, prometi que hoje eu não vou
Eu vou tentar, prometi que hoje eu não vou chorar
Eu juro vou tentar, prometi que hoje eu não vou